05/10/2012 - 10:49
Por Alexandre Garcia
Domingo os brasileiros comparecerão às urnas para aquela que deveria ser a mais importante das eleições. Porque vai eleger o chefe do poder executivo e os legisladores e fiscalizadores da célula-máter da federação, o município. Mas pobrezinho, o município está tão desvalorizado que boa parte dos jornalistas não sabe sequer qual é a diferença entre cidade e município. A maioria pensa que são sinônimos. Só para repetir o já sabido e ressaltar a importância do município: não há brasileiro que more na União ou no Estado. Todos moramos num município. É onde tudo começa; é onde se fica perto de nossos mandatários e mais bem podemos exercer nossos poderes de mandantes. Podemos cobrar do prefeito na rua; cobrar do vereador que nomeamos no bar da esquina, na padaria.
No entanto, quanto poder os governos federal e estaduais usurpam do município! Também tiraram poderes do Estado. A União tem os outros entes federativos nas mãos, num regime centralizado que nada se parece com uma federação. Na verdade, o governo centralizado do Brasil tem províncias e intendências municipais. A submissão política de estados e municípios se dá pelo dinheiro. O paradoxo é que todo o dinheiro que está nos cofres da União vem dos municípios. Prefeitos vez ou outra fazem manifestações em Brasília, mas em geral andam de cabeça baixa. Na última vez em que se insurgiram com isso, levaram um pito público da presidente Dilma. Só para lembrar, prefeitos não são subordinados da presidência da República. Prefeitos só se subordinam aos seus mandantes, a população dos municípios que os elegeu.
Agora haverá eleição nos 5.568 municípios brasileiros. Ninguém, neste país, terá mais poder de mobilização popular que essa multidão de prefeitos. Mas eles têm a força e não sabem. Como, em geral, não têm caixa e ficam com mãos de mendigo para o governador e presidente da República, eles são como uma manada de elefantes, que não sabe a força que tem. Não sabem que representam a população do país. Não sabem que, na prática, o município já é palco de uma espécie de voto distrital. A força desses que vão ser eleitos domingo é capaz de eleger governador e presidente.
Os vereadores também têm sua força. Embora sejam os deputados federais e senadores que fazem leis que devem vigorar no país inteiro, a verdade é que os vereadores a serem eleitos domingo serão os mais fortes cabos eleitorais de quem quiser ser legislador estadual ou federal dentro de dois anos. O que falta, para vereadores e prefeitos, é terem noção dessa força e a usarem em benefício de seus mandantes, os que os elegeram. Aliás, toda política é uma relação entre mandantes e mandatários. Se assim não for, é só um arremedo de democracia, uma fantasia para que nos enganemos a nós mesmos.
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