FUNKNEJO: DUETOS DE SERTANEJOS COM MCS EMPLACAM NAS PARADAS DE FIM DE ANO NO BRASIL

07/12/2017 - 09:42

Cê acredita?

O bordão acima, do funkeiro Kevinho, apareceu em quatro sucessos com ídolos sertanejos em 2017. É que ele foi o MC mais procurado para duetos do funknejo. A união de nomes famosos dos dois estilos foi crescendo durante o ano, e agora ocupa cinco posições no top 50 do Spotify no Brasil.

O termo funknejo não é novo: ficou popular com o estouro de "Eu Quero Tchu, Eu Quero Tcha", de João Lucas & Marcelo, em 2012. Desde então, alguns sertanejos tentam incorporar o tamborzão do funk. A novidade neste ano é que os MCs mais famosos, especialmente os de São Paulo, embarcam nas parcerias.
 
Os dois lados encontram vantagens: a união leva funkeiros de SP às rádios e tem ajudado a renovar o público de alguns sertanejos. Veja abaixo uma lista com os principais hits e, em seguida, leia mais sobre as parcerias.
 
No YouTube, esses 12 principais funknejos de 2017 têm entre 5 milhões ("De calcinha e camiseta") e 156 milhões de visualizações ("Mentalmente"). No Spotify, cinco deles estavam no top 50 do dia 6 de dezembro:
4º - "Permanecer" - Lucas Lucco e MC G15
5º - "Deixa ela beijar" - Matheus & Kauan com MC Kevinho
38º - "Cê acredita" - João Neto & Frederico e MC Kevinho
40º - "Tic tac" - Lucas Lucco e Mc Lan
47º - "Esqueci como namora" - Nego do Borel e Maiara & Maraisa
 
'Antenado no povo'
Frederico, cantor da dupla com João Neto, falou ao G1 sobre a parceria "Cê acredita", com Kevinho. Foi um raro caso de grande sucesso simultâneo nas rádios e em streaming durante o ano. O convite para a colaboração veio de João Neto & Frederico, em maio deste ano.
 
"Estamos com onze anos de carreira. Temos que ficar preocupados com o mercado. É um produto que precisa ir se atualizando. Um dos estilos em bom momento é o funk. Por isso colocamos Kevinho, menino jovem que atinge a galera. Tem que estar antenado no povo", diz Frederico.
 
A composição foi sob encomenda. "Pedimos para quatro amigos nossos [Daniel Rangel, Elan Borges, Bruno Sucesso e Marcello Damasio] para estudar o Kevinho e colocar os palavreados dele na letra. Três dias depois, voltaram com 'Cê acredita'. Falamos: 'É essa'. No show é 'um pipoco'. É um dos três maiores sucessos nossos, junto com 'Lê lê lê' (2011) e 'Pega fogo, cabaré' (2007)."
 
Frederico é pragmático: "O que a gente gosta é música romantica, letra bonita. Só que só essas não vendem show. A gente vive de show", diz.
 
"Algumas pessoas nos criticaram por gravar com cantor de funk. Respondi assim a elas: 'Quem paga ingresso é o povo.' O mercado partiu para esse lado. Se a gente não partir também, vai vender show para quem?"

'Ganha-ganha'
Mas a vantagem não é só dos sertanejos. "As parcerias são oportunidades que fazem todo o sentido para os dois lados. Geram um ganha-ganha", diz Guilherme Figueiredo, diretor de marketing da gravadora Som Livre.
 
"O sertanejo tem chance de renovar o público. Quando grava com funk, por exemplo, ele participa de mais playlists, e amplia os pontos de contatos deles com ouvintes", explica Guilherme. "Já os artistas de funk têm uma oportunidade de tocarem nas rádios e também ampliarem a audiência fora do eixo Rio-SP", diz Guilherme.
 
A empresa de monitoramento de rádios e internet Playax analisou as execuções os funknejos a pedido do G1. A comparação mostrou artistas de funk que tinham milhões de audições na web e pouco espaço nas rádios, mas que começaram a aparecer em mais emissoras com os funknejos.
 
Sertanejo 'organizadinho'; funk 'criativo'
O produtor musical Yuri Martins assina dois funknejos nas paradas atuais, ambos com Lucas Lucco: "Permanecer", com Lucas Lucco, e "Tic Tac", com MC Lan. Ele vê aprendizados possíveis para os dois gêneros no encontro.
 
"O funk tem que aprender com o sertanejo sobre como se organizar. O funk é meio bagunçado: estrutura de show, forma de trabalhar. Você vai fazer uma parceria com o sertanejo e é tudo organizadinho", diz Yuri, produtor oriundo do funk.
 
"E o sertanejo pode aprender com o funk a atingir o público 'de raiz'. Porque às vezes o sertanejo faz muita música para o pessoal que tem dinheiro, o público 'boy'. Mas esquece que o público da comunidade também quer ouvir o sertanejo que fala a verdade. Acho que isso está acontecendo. O sertanejo vai atrás do funk porque quer atingir a comunidade", opina Yuri.
 
Guilherme Figueiredo vê chances de outras trocas: "O funk tem a aprender sobre a plataforma que o sertanejo montou para shows, para falar com o Brasil, com um alcance nacional. E o sertanejo tem a aprender com o funk na velocidade, na linguagem, nos modelos de trabalho criativos, voltados para o digital. É uma troca bacana."
 
Fonte: G1 
 

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