GRINGO NO SERTANEJO: MÚSICO NORTE-AMERICANO TENTA EMPLACAR CARREIRA NO BRASIL

26/01/2018 - 09:35

Há dois anos, o músico norte-americano Chris Riben, de 24 anos, decidiu se mudar de vez para Belo Horizonte onde tenta emplacar sua carreira em um dos gêneros musicais mais competitivos do país, o sertanejo.

 
Ele busca ganhar espaço entre as incontáveis duplas e cantores solo que dominam as rádios e a internet. Das dez músicas mais ouvidas no YouTube no Brasil em 2017, quatro são do gênero sertanejo, entre elas a que conquistou o primeiro lugar: “Loka”, de Simone & Simaria e Anitta.
 
“Eu acho que o objetivo é fazer algo diferente. Algo que ainda não tenha sido feito. Tem muita dupla sertaneja, isso é muito bom, mas chegou a um ponto que, na minha opinião, as duplas estão muito iguais. Eu, como músico, quero fazer algo diferente, criar novas portas para as pessoas”, disse Chris, com sotaque de quem nasceu e cresceu em Nova York.
 
O norte-americano já tem uma música de trabalho, lançada no ano passado. “Eu conserto tudo” foi escrita por ele. “Ainda é difícil escrever músicas em português. Escrever mensagens. A gramática é super difícil”, contou o músico. Ele começou a ter contato com o idioma através da família de uma namorada. A mãe dela, brasileira, costumava cantar músicas sertanejas enquanto cozinhava.
 
“Toda vez que eu ia visitar minha namorada, eu via essa cena. Elas felizes, cantando sertanejo. Depois eu fiquei com isso na cabeça. Aí eu pensava, ‘Brasil é felicidade’”, contou ele que acabou se apaixonando pelo estilo. “É essa alegria que a música traz. A alegria flui neste tipo de música. Até as letras. O sertanejo conta uma história, uma história de amor. Faz as pessoas se sentirem animadas, até faz as pessoas chorarem. Isso é que me empolga na música sertaneja”, completou.
 
Chris aprendeu a tocar violão aos dez anos e sempre teve vontade de estudar música. Mas os pais não aprovavam. Ele teve que fazer um curso em negócios para agradá-los. Mas foi lá que ele começou a aprender português.
 
“Eu tive que escolher dois idiomas no curso, aí decidi aprender espanhol e português. Mas eu só aprendi mesmo quando comecei a vir para cá (Brasil), a partir de 2012”, contou Riben.
 
Naquela época, ele já tinha terminado o namoro, saído do curso e ido para Los Angeles com o objetivo de estudar música. Lá, Riben até tentou ingressar no pop, mas decidiu vir para o Brasil, praticar o português e aprender mais sobre a cultura. Ainda nos Estados Unidos, ele teve contato com um baterista que tocava com músicos brasileiros.
 
“A família dele conhecia a minha família. E ele ficava aqui em Belo Horizonte. Daí eu pensei em entrar em contato com ele. Aí eu comecei a viajar para cá e ele me ajudou muito. Entrei em contato com muitos músicos do sertanejo, principalmente em Goiânia, o que tem sido importante”, disse o jovem. Apesar de Goiás ser considerado o centro do gênero no Brasil, Riben preferiu ficar na capital mineira.
 
“Eu amo Belo Horizonte. As pessoas são legais. Aqui é bem tranquilo”, disse o músico.
 
Ele se mudou em definitivo para a cidade há dois anos. Aqui ele divide a casa com um amigo brasileiro, também músico, no bairro São Gabriel, na Região Nordeste de Belo Horizonte. Até emplacar sua carreira, ele segue pagando as contas com trabalhos de mixagem e produção em estúdio.
 
“O objetivo é fazer shows para poder me sustentar aqui. Já tenho feito alguns, mas a expectativa é fazer bem mais, até para as pessoas me conhecerem, conhecerem o meu trabalho. Testar mesmo”, contou Riben.
 
O clipe de “Eu Conserto Tudo” já tem mais de 14 mil visualizações no YouTube, onde o músico se apresenta como o “o americano sertanejo”. No Instagram, são mais de 25 mil seguidores.
 
“Às vezes, os brasileiros enxergam americanos como metidos. Nem todos os americanos são assim. As críticas negativas que eu recebo são, ‘você é louco? O que você está fazendo aqui? Volta pra casa!’. Mas até agora não vi ninguém apareceu dizendo que eu canto mal (risos)”, contou.
 
Fonte: G1 

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