11/04/2013 - 09:13
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux evitou ontem o confronto com o ex-ministro José Dirceu, dizendo que não responderia às suas acusações porque não "polemiza com réu".
Em entrevista à Folha de S. Paulo e ao UOL publicada ontem, Dirceu afirmou que Fux o "assediou moralmente" quando estava em campanha para ocupar uma vaga no STF e disse que ele prometeu sua absolvição no julgamento do mensalão.
Indicado para o Supremo pela presidente Dilma Rousseff no início de 2011, Fux era considerado pelos petistas voto certo a favor dos réus, mas foi um dos mais rigorosos no julgamento e votou pela condenação de Dirceu.
"Ministro do STF não polemiza com réu", disse Fux ontem. Ele não quis fazer nenhum outro comentário sobre a entrevista de Dirceu.
Antes de ser nomeado por Dilma, Fux era ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em entrevista concedida à Folha no fim do ano passado, ele havia admitido que procurara Dirceu quando buscava apoio para realizar o "sonho" de ir para o STF.
"Fui a várias pessoas de São Paulo, à Fiesp. Alguém me levou ao Zé Dirceu porque ele era influente no governo Lula", afirmou. Fux disse também que na época não se lembrou de que Dirceu era réu no mensalão, afirmação que o petista classificou como "tragicômica" e "ridícula".
Dirceu foi condenado a 10 anos e 10 meses de prisão pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha. A maioria dos ministros do STF concluiu que ele comandou a organização do mensalão para comprar apoio político no Congresso no início do governo do ex-presidente Lula.
O julgamento do mensalão foi concluído no ano passado. O acórdão que resumirá suas decisões e os votos dos ministros devem ser publicados em breve, o que permitirá que réus como Dirceu apresentem recursos para tentar reverter suas condenações.
As acusações de Dirceu causaram constrangimento no tribunal. Colegas de Fux preferiram não falar sobre o caso, alegando não ter lido a entrevista. O único a se manifestar foi Marco Aurélio Mello.
"Desgasta o Supremo", afirmou. "Mas não fragiliza o julgamento, porque não se trata de um argumento jurídico. Pelo contrário. Ele (Fux) foi um dos mais rigorosos."
Não houve qualquer referência ao assunto na sessão de ontem no plenário do STF e ministros ouvidos pela reportagem afirmaram não ter conversado com Fux sobre ele.
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