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NÃO VAMOS TER MAIS RENDA, DIZ CARTA DE SUICÍDIO DE PAI QUE MATOU A FAMÍLIA
30/08/2016 - 09:47
O executivo da área de telecomunicações Nabor Coutinho de Oliveira Júnior, 43 anos, é o principal suspeito de assassinar a mulher e os dois filhos antes de ter cometido suicídio. O crime ocorreu na manhã desta segunda-feira (29) em um condomínio de classe média alta na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro.
Oliveira Júnior fez carreira na telefônica TIM e havia pedido demissão em julho para trabalhar na empresa Datami. Em uma carta encontrada no apartamento, supostamente escrita por Oliveira, há indícios de que ele estava insatisfeito com a mudança de emprego.
O corpo de Oliveira foi encontrado por policiais militares na área de lazer do prédio, ao lado dos filhos Henrique e Arthur, de 10 e 6 anos. O da mulher dele, Laís Khouri, 48 anos, estava em cima da cama do casal, no 18.º andar, com perfurações de faca no pescoço.
Para a Polícia Civil, primeiro Oliveira matou a mulher, por volta das 6h30, em seguida assassinou as crianças e depois cometeu suicídio. “Com base na perícia, depoimentos e imagens, a suspeita inicial é que ele teria matado a mulher com golpes de faca e depois atirado os dois filhos (pela sacada) e também se atirado”, afirmou o delegado Fábio Cardoso, titular da Divisão de Homicídios do Rio.
Choque
Os moradores do condomínio ficaram assustados em acordar com o barulho de corpos arremessados dos apartamentos. “Minha mãe ouviu o barulho e foi até a varanda. Enquanto ela olhava um corpo, outro caiu na frente dela. Quando ela veio me chamar, eu acordei com o barulho do corpo adulto batendo no chão. Fez um estrondo. Foi traumatizante, embaixo da minha janela”, contou o músico Rogero Piu, 39 anos, morador do segundo andar.
Wilton Santos, porteiro do prédio há 14 anos, disse que ficou chocado com as mortes. Ele contou que Oliveira era uma pessoa tranquila, que costumava brincar com os filhos na piscina, mas que nos últimos dias parecia estar preocupado.
“Ele não sorria mais, mesmo assim sempre dava bom dia e pegava o ônibus do condomínio para trabalhar. A mulher dele não trabalhava e levava os filhos para a escola”, disse Santos.
De acordo com vizinhos, a família era reservada e não costumava brigar. O delegado também disse que pode assegurar que Oliveira não tinha envolvimento com drogas.
Além da faca usada no crime, os policiais recolheram um estilete e uma marreta. Existe a suspeita de que as crianças tenham sido mortas a marretadas e depois jogadas da sacada. A conclusão da causa das mortes virá apenas com o relatório da perícia, segundo o delegado.
Conforme o policial, apenas a família estava no apartamento no momento das mortes e a porta do imóvel precisou ser arrombada pelos bombeiros, os primeiros a chegar ao local.
Finanças
O delegado Fábio Cardoso sustenta que, apesar da insatisfação com o novo emprego, não há elementos para afirmar que o problema profissional tenha afetado as finanças da família. “O aluguel e a taxa de condomínio estavam em dia”, afirmou. “Ele recebia um bom salário, de gerente. Pagava o apartamento que morava no Rio e um outro imóvel em Belo Horizonte”, disse Paes.
Segundo o delegado, um exame grafotécnico será feito na carta por peritos do Instituto Carlos Éboli para verificar sua autenticidade. O policial adiantou que colegas das duas empresas onde Oliveira trabalhou poderão ser ouvidos. “Vamos fazer primeiro os depoimentos dos familiares, que estão vindo de Belo Horizonte. O casal era de Minas Gerais e eles só tinham um parente distante no Rio. Depois vamos ouvir funcionários do prédio e os vizinhos. As pessoas da empresa também poderão ser chamados para dar esclarecimentos”, afirmou.
Carta no apartamento
Na carta encontrada no apartamento, a principal justificativa pelo ato extremo de Oliveira é a falta de recursos para o sustento da família. “Está claro para mim que está insustentável e não vou conseguir levar adiante. Não vamos ter mais renda e não vou ter como sustentar a família”, diz um trecho da carta. “Sinto um desgosto profundo por ter falhado com tanta força, por deixar todos na mão. Mas, melhor acabar com tudo logo e evitar o sofrimento de todos”, acrescenta.
O consultor em tecnologia Denis Paes Barreto, 52 anos, foi um dos últimos a conversar com Nabor, na sexta-feira. Os dois são amigos desde 2008, quando começaram a trabalhar juntos na TIM. “Ele saiu da empresa para buscar uma melhoria profissional, mas ele me ligou preocupado porque o emprego novo não era aquilo que esperava. Eu disse que a ansiedade era normal, de trocar o certo pelo incerto. Mas ele queria uma nova recolocação e me dispus a ajudá-lo”, disse.
Oliveira entrou para a TIM em 1998. Engenheiro de software, formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ele começou na empresa como analista de marketing. Seu último cargo foi de gerente de serviços inovadores. A mulher dele, Laís, também atuou na TIM, de 1998 até 2011, na área de comunicação.
“Nabor era calado, tímido, típico mineiro, mas não tinha nada que parecesse um problema de personalidade. Era cruzeirense fanático, sempre falava bem da mulher e dos filhos. Ele gostava de chopp e de levar as crianças para o estádio, de jogar futebol com os meninos. Não percebi nada de diferente na nossa última conversa”, disse Paes.
A carta também menciona a dificuldade de Oliveira em pagar plano de saúde para a família. O filho mais novo, Arthur, nasceu com um problema na vértebra e precisou ser submetido a uma cirurgia há dois anos. “Até onde sei, o procedimento foi bem-sucedido e o garoto crescia saudável. Mas sem dúvida essa questão de saúde mexia muito com o Nabor”, relatou Paes.
JCNET
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