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POLÍCIA APURA TECNOLOGIA QUE DÁ ‘NOVA IDENTIDADE’ A CELULAR ROUBADO
10/11/2016 - 10:25
Os celulares se tornaram os principais alvos dos assaltantes e a forma mais eficaz de recuperá-los tem sido bloquear o IMEI - código que identifica o verdadeiro proprietário do aparelho. Entretanto, os ladrões também conseguem utilizar a tecnologia a seu favor para burlar o bloqueio e revender os telefones roubados.
Conforme o JC apurou, durante investigações desencadeadas na cidade, um receptador chegou a afirmar em depoimento à Polícia Civil sobre a existência de máquinas capazes de alterar o sistema operacional do aparelho, nomeando outro número de IMEI. Diligências ainda são realizadas com o objetivo de encontrar e apreender tal equipamento.
Sem citar ocorrências específicas, o titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Eduardo Herrera, confirmou que há preocupação da polícia em relação ao assunto e destacou que as investigações buscam identificar se os celulares apreendidos tiveram o código forjado.
“Temos toda uma linha de apuração em cima dos aparelhos subtraídos, principalmente os roubados. Até porque cerca de 80% dos assaltos são cometidos contra pedestres e o produto levado acaba sendo o celular. No maioria das vezes, porém, o telefone volta a circular na forma original, sem que haja a clonagem do IMEI”, pondera Herrera.
Todos os telefones possuem o IMEI, como se fosse o “chassi” de um veículo. Esse número de identificação do celular bloqueia o serviço em caso de roubo ou furto. Ao ser informada, a operadora insere o código em uma lista de telefones que não podem ser habilitados.
Entretanto, a polícia aponta que os criminosos têm conseguido acesso às máquinas utilizadas restritamente por empresas de manutenção.
FRONTEIRAS SECAS
Em Bauru, o equipamento teria sido adquirido no Exterior, através das fronteiras secas do Brasil, conforme a reportagem apurou junto aos órgãos de segurança pública. O aparato estaria sendo utilizado para alterar o sistema operacional dos celulares furtados ou roubados, principalmente dos smartphones - aparelhos de última geração.
Na prática, a tecnologia faz uma releitura do IMEI e cria um novo código. Ainda segundo apurado pelo JC, os criminosos conseguem legitimar esses aparelhos com notas fiscais falsas.
NA CAPITAL
Embora não haja casos registrados oficialmente em Bauru, as investigações seguem para tentar identificar a prática do crime na cidade e, inclusive, se há atuação de quadrilha especializada, como vem ocorrendo em São Paulo, onde grupo estaria desbloqueando e vendendo celulares roubados tranquilamente próximo a uma delegacia na região central da cidade, conforme reportagem veiculada pela Rádio Bandeirantes no mês passado. Na ocasião, em apenas uma hora e por R$ 200,00 é possível conseguir o desbloqueio do aparelho.
Para o delegado Eduardo Herrera, esse comércio só existe porque ainda tem gente que compra mesmo sem saber a procedência, o que configura receptação com penas que podem chegar a oito anos de reclusão. “Se um aparelho vale mais de R$ 1 mil na loja e está sendo vendido por R$ 300, por exemplo, é preciso desconfiar que esse telefone tem algum problema”, orienta Herrera.
‘Não existe segurança infalível’
Comandante do 4.º Batalhão de Polícia Militar do Interior (4.º BPM-I), o tenente-coronel Flávio Jun Kitazume afirmou que conhece o método de desbloqueio do IMEI do celular para venda ilegal do aparelho, embora não tenha se deparado com ocorrência do tipo na cidade.
“É possível burlar o sistema. Não existe segurança infalível”, opina o comandante da PM, destacando ainda outros meios de comercialização de aparelhos roubados.
“Caso não se consiga o desbloqueio do código, é possível trocar o produto por drogas ou apenas vender as peças. Então, por isso, estamos sempre combatendo esse crime”, observa.
Novo protocolo contra o crime
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) firmou, na última sexta-feira (4), um novo protocolo de intenções com o Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), visando o combate ao roubo e furto de aparelhos celulares. A medida permitirá a celebração de um acordo de cooperação entre as partes.
O acordo firmado permitirá a realização de estudos conjuntos entre os órgãos para que membros associados ao IDV sejam orientados a indicar, no momento do registro dos boletins de ocorrência, o número do IMEI de celulares roubados ou furtados.
O protocolo terá vigor de 12 meses, prazo em que os estudos serão realizados para a celebração do futuro acordo.
JCNET.
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