SEGUNDO ÁLBUM DE LUDMILLA SEGUE O PADRÃO POP FUNK EM TOM REDUNDANTE

22/10/2016 - 09:20

Anitta lançou em 2013 um primeiro álbum de sucesso avassalador, perdeu um pouco de fôlego no segundo e se recuperou no terceiro, o revigorante Bang! (2015). Ludmilla, funkeira fluminense que segue a trilha pop de Anitta, vai precisar imitar a colega carioca nessa trajetória fonográfica. Lançado hoje, o segundo álbum da cantora e compositora, A danada sou eu (Warner Music), soa redundante e previsível. O som e, sobretudo, o discurso de Ludmilla se repetem ao longo das 16 faixas do disco.

Destas 16 músicas, cinco – Bom, Sou eu, Abstinência (tema de alto teor erótico gravado com o rapper carioca Filipe Ret), Tá tudo errado e Cheguei (tema lançado na trilha sonora do filme É fada!) – já tinham sido previamente divulgadas em singles e no disco do filme (no caso de Cheguei). Quem ouviu essas músicas já tem a pista certa do tom hedonista de A danada sou eu, álbum formatado pelos produtores Umberto Tavares e Mãozinha. Umberto e o parceiro Jefferson Junior são nomes recorrentes, como compositores, na ficha técnica do disco.

Projetada em escala nacional há dois anos com a edição de Hoje (2014), álbum de estreia que emplacou a música-título, a funkeira segue fórmula assumidamente pop em A danada sou eu, propagando o desapego às emoções reais. Não por acaso, uma das músicas se chama Desapega. A ideologia de Ludmilla, e de toda uma geração, se resume a se acabar nas baladas e a vivenciar amores casuais. Abusa, aliás, é convite ao sexo sem consequências. Em Modo avião, balada de clima R&B, o discurso defende a hibernação dos sentimentos. Em outra balada, Nunca me verá chorar, Ludmilla eleva o tom e encara durona a dor-de-cotovelo, expondo o orgulho recorrente neste universo hedonista.

Espelho reflete a autoestima elevada da funkeira – ponto positivo, pois, tal como Anitta, Ludmilla não se deixa dominar pelo jugo masculino em voga no universo do funk. EmPegada, ela inclusive bota à prova a capacidade sexual do homem. Mas a sensação recorrente é a de um disco fabricado em escala industrial. Até as participações – do cantor sertanejo Gusttavo Lima em Homem é homem e do cantor norte-americano de R&B e rap Jeremih em Tipo crazy – soam burocráticas, sem alma, com a ressalva de que a presença de Jeremih é pouco aproveitada.

As batidas, derivadas da black music, do pancadão do funk carioca e dos beats da música eletrônica em voga no universo pop dance, são (um pouco) menos repetitivas do que o discurso da artista. Só que A danada sou eu jamais escapa do padrão. Ludmilla precisa ouvir Bang! para tentar diversificar e se reinventar no terceiro álbum.

Fonte: G1 

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