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SEGUNDO CORPO É ENCONTRADO EM FAVELA DE BAURU
30/01/2019 - 09:59
Menos de 24 horas depois de um corpo ser encontrado enterrado na favela São Manoel, um segundo cadáver foi localizado na tarde de ontem (29) a uma distância de cerca de 500 metros. A Polícia Civil investiga a participação de dois suspeitos no crime, que seriam vinculados ao tráfico.
Até o momento, a principal hipótese é de que as vítimas, do sexo masculino, tenham sido executadas pelos dois comparsas em represália: uma por delatar à polícia atividades ilícitas de traficantes e outra por furtar drogas de um esconderijo.
Assim como o corpo encontrado na última segunda-feira (28), o cadáver localizado por volta das 13h30 dessa terça-feira (29) estava em uma cova rasa no meio de um matagal, já em avançado estado de decomposição e com afundamento no crânio, o que leva a crer que ambos tenham morrido por pancadas na cabeça. Nenhum deles possuía marcas de disparo de arma de fogo.
Até essa terça-feira (29), as vítimas, que não portavam documentos, não haviam sido identificadas. Moradores, contudo, informaram que o homem encontrado nessa terça (29) era conhecido como "Sorveteiro". Também nessa terça, peritos do Instituto Médico Legal (IML) detectaram a existência de duas tatuagens no primeiro corpo: uma no antebraço direito com a inscrição "positividade" e outra nas costas com o nome "Tábata".
"Não acreditamos que sejam moradores da favela ou das imediações, mas sim frequentadores. A partir destas informações fornecidas pelo IML, faremos o cruzamento de dados com BOs de desaparecimento e fichas criminais. Caso familiares reconhecerem estas características da vítima, também faremos o confronto de DNA", adianta o titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Cledson Nascimento.
TERCEIRO?
A suspeita é de que as duas vítimas tenham sido mortas entre a noite de quinta-feira e a madrugada de sexta-feira. A partir daquela data, a Polícia Militar (PM) começou a receber denúncias sobre a existência de dois corpos nas imediações da favela São Manoel.
O primeiro, conforme o JC divulgou, estava próximo às residências da comunidade e a um posto de combustíveis e o outro, do lado oposto da avenida Comendador Daniel Pacífico, na altura da quadra 5 da rua Casimiro de Abreu, entre a linha férrea e o Córrego da Grama. "Este último estava enterrado embaixo de uma árvore, também em um local de difícil acesso", pontua o tenente André Luís Nascimento, comandante interino da 3.ª Companhia da PM.
Um dos cotovelos da segunda vítima, inclusive, estava visível na superfície da cova, que foi coberta por terra misturada com cal. A poucos metros de distância, foram identificadas marcas aparentes de sangue.
'NÃO É COMUM'
"O registro de dois homicídios não é algo comum em Bauru. São os primeiros de 2019, ao que tudo indica com vinculação direta com o tráfico de drogas", acrescenta o tenente.
Nessa terça-feira (29), moradores chegaram a comentar com a reportagem do JC sobre a possível existência de um terceiro cadáver nas imediações da favela, mas, até o momento, as polícias Militar e Civil desconhecem informações concretas neste sentido.
Moradores das imediações temem cemitério do crime no local
Sob a condição de anonimato, moradores das imediações da favela São Manoel disseram acreditar que outras pessoas possam ter sido enterradas na área de mata existente no local, às margens do Córrego da Grama. "Deve ter mais gente aí para o meio. Gente que nunca vamos ficar sabendo que morreu", opina um homem.
Bombas, tiros, brigas e gritaria se tornaram constantes na favela, que, segundo os moradores, foi completamente dominada pelo tráfico, o que levou a maior parte das famílias trabalhadoras a deixarem o local. "Piorou muito desde então. Virou uma terra sem lei", acrescenta uma mulher.
Outra conta que ouviu, na madrugada de sexta-feira, pelo menos uma das vítimas assassinadas pedindo socorro. "O cara pedia ajuda, dizia que estava morrendo, mas não tinha como sair na rua às 5h da manhã para ver o que estava acontecendo. Depois, deve ter sido levado para o lugar onde foi enterrado. Durante o dia, ouvimos os usuários comentando que tinha morrido gente, mas, até agora, ninguém que mora na vila sabe quem é", detalha.
Os moradores dizem que o clima é de tensão no bairro. Porém, todos relatam que a violência se tornou uma constante na rua ocupada pela favela da vila. Uma mulher conta, por exemplo, que um usuário de drogas foi esfaqueado há cerca de seis meses nas proximidades.
Já um morador revela que viu outro usuário ser agredido a pedradas recentemente. "Ele saiu correndo e veio um monte de outros caras atrás. Pegaram o noia pela perna, jogaram no chão e deram pedrada. Ele saiu todo ensanguentado. A violência, infelizmente, é a vida de muitas pessoas aqui", lamenta.
JCNET.
Foto Malavolta Jr.
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