- Home
- Notícias
- SEGUNDO PESQUISADOR, ISOLAMENTO SOCIAL AJUDOU A CONTER DISSEMINAÇÃO DO CORONAVÍRUS NO BRASIL
SEGUNDO PESQUISADOR, ISOLAMENTO SOCIAL AJUDOU A CONTER DISSEMINAÇÃO DO CORONAVÍRUS NO BRASIL
05/05/2020 - 11:30
Em entrevista ao G1, o engenheiro explica que, ao afirmar que o coronavírus não está mais seguindo uma curva exponencial perfeita, é o mesmo que dizer que o vírus não está se espalhando “na proporção que era esperada inicialmente porque algo interferiu no crescimento e causou uma mudança positiva”, diz.
Como ainda não temos uma vacina contra a Covid-19, Feo atribui ao isolamento social e medidas de quarentena adotadas pelos estados como o fator capaz de frear o crescimento de novos infectados. “Mas a história poderia ter sido diferente se nada tivesse feito”, afirma o engenheiro.
Porém, Feo ressalta que os gráficos foram feitos com base em dados informados pelo Ministério da Saúde, que podem não representar a realidade. “Estabelecer a data específica de quando a curva mudou seu crescimento depende de muita coisa, incluindo a disponibilidade e demora no resultado dos testes, por exemplo.”
“Mesmo que os números não representem a realidade absoluta do Brasil, o que importa é mostrar o formato da curva ao longo do tempo”, afirma o engenheiro.
A curva exponencial dos gráficos sobre a pandemia representa o número de novas infecções ao longo do tempo. Por isso, o formato da curva pode indicar dois padrões:
Quanto maior o número de novos casos em um menor intervalo de tempo, mais acentuada a subida da linha.
Quanto menor o número de novos casos em um maior intervalo de tempo, menos acentuada a subida.
Feo ressalta que a análise apresentada em seu vídeo considera dados nacionais. “Mas temos vários surtos ocorrendo em paralelo, pois há diferentes estágios da evolução da epidemia em cada estado. O correto seria avaliar cada região individualmente de acordo com suas características. Por isso, minha análise é apenas educativa e serve para ilustrar que o isolamento surte efeito”, diz.
Reflexo de duas semanas atrás
O médico infectologista Caio Rosenthal explica que uma pessoa que for infectada hoje e tiver sintomas - vale a ressalva que alguns infectados são assintomáticos e não sabem que tiveram a infecção, apesar de transmiti-la - terá até uma semana para sentir os primeiro sintomas e mais 14 dias de evolução da Covid-19.
“Ou seja, uma pessoa curada hoje foi infectada 21 dias atrás. Isso nos diz que o que é informado como novos casos numa X data, na verdade é a realidade do que aconteceu mais de duas semanas atrás”, explica Rosenthal.
O infectologista alerta que, apesar de o crescimento da curva da pandemia no Brasil ter achatado, como mostrou o vídeo de Feo, não significa que alcançamos uma taxa baixa de transmissão do coronavirus, já que os novos casos confirmados a cada dia são sempre superiores aos casos anunciados no dia anterior.
O epidemiologista Paulo Lotufo, professor da Faculdade de Medicina da USP, explica que o mesmo ocorre com as medidas de quarentena: elas não surtem efeitos imediatamente. “não é na data da adoção das medidas de quarentena que se muda a curva da pandemia.”
Lotufo aponta que o Ministério da Saúde também tem coletado os dados de forma equivocada. “Por causa da demora e da disponibilidade dos testes, é um erro registrar um novo caso com base na data do resultado. O certo de se computar um novo caso é a data da coleta do teste.”
Lockdown
Tanto Rosenthal quanto Lotufo concordam que o isolamento social é uma medida eficaz para conter a disseminação do coronavírus, e que precisa ser radicalizada em todo o Brasil, fechando as fronteiras das capitais mais afetadas pela pandemia.
“Não se deve flexibilizar a quarentena agora. Pelo contrário, se a gente não fizer um lockdown imediatamente, o Brasil vai ser um dos campeões no mundo em mortes por coronavírus”, defende o infectologista Rosenthal.
“O vírus não respeita limite estadual, não respeita fronteiras. Não adianta um estado adotar quarentena e outro flexibilizar, como fez Santa Catarina. As medidas de hoje no estado catarinense vai impactar todos os estados vizinhos e até a Argentina. Não vejo outra saída a não ser um lockdown geral. Precisamos de uma política geral de saúde para o país”, completa o epidemiologista Lotufo.
Informações: G1 Bem Estar.
Foto: Maurício Feo.
Clique aqui para ver outras notícias!