Usina é acusada de ter ‘lista suja’

20/03/2014 - 08:31

O Ministério Público do Trabalho de Bauru ingressou com ação civil pública contra a Raízen Energia S.A., antiga Cosan e maior grupo brasileiro de açúcar e álcool.

A apuração começou na unidade Diamante, em Jaú que recrutava mão de obra do Interior de Minas Gerais, Estado que, segundo o censo de 2010 do IBGE, possui mais de 900 mil pessoas na miséria. Elas encontram nos trabalhos nas lavouras paulistas a única oportunidade de obter uma fonte de renda. 

A empresa é acusada de prática de discriminação de funcionários, direcionada àqueles que acionaram a empresa na justiça, apresentaram problema de saúde ou baixa produtividade em safras anteriores.

Eles tiveram seus nomes incluídos na chamada “lista suja”, que impede a sua contratação nas novas safras.

Por conta disso, o procurador pede pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 10 milhões caso seja aceita a ação na Justiça do Trabalho.

Os arregimentadores de mão de obra contratados pela Raízen, os chamados “gatos”, eram obrigados pela empresa a seguirem as ordens discriminatórias, segundo o procurador.  

No final de cada safra uma relação de nomes que não poderiam ser contratados na safra seguinte eram enviadas aos recrutadores de mão de obra, porque “deram problemas para a empresa, ficaram doentes, apresentaram baixa produtividade ou ingressaram com ação trabalhista contra ela”. 

A relação de nomes trazia mais de cinco mil nomes, sendo que a cada safra a Raízen emprega cerca de nove mil trabalhadores apenas na unidade Diamante, em Jaú.

 

 

 

 

 

 

De acordo com o procurador, responsável pela ação, a Raízen exige o procedimento seletivo discriminatório de seus arregimentadores desde 2005, quando ainda detinha o nome Cosan, e tal prática perdura ainda hoje, não sendo restrita apenas à Usina Diamante, mas também a todas as demais filiais, 11 delas localizadas no Interior de São Paulo. 

 

Para Gonçalves, “a prática discriminatória instaura uma política de terror e opressão por parte da ré no trabalhador humilde, proveniente de região carente, que só tem sua força física para oferecer como moeda de troca no mercado de trabalho, transmitindo a mensagem de que é preferível trabalhar até a exaustão ou morte do que causar problemas à Raízen”.

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